“Temos esta vontade de nos apoderarmos das canções um do outro”

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Benjamim e Samuel Úria estiveram à conversa com o Notícias ao Minuto, dias antes dos concertos que vão dar em duo em Lisboa e Porto.

Não é a primeira vez que Benjamim e Samuel Úria se juntam no mesmo palco para tocar as canções um do outro. Contudo, os concertos agendados para 4 de novembro, no Teatro Tivoli BBVA, em Lisboa, e 8 de novembro, no Teatro Sá da Bandeira, no Porto, contam com uma grande novidade. São os primeiros a serem pensados, projetados e produzidos pelos próprios, em duo.

Os espetáculos do próximo mês prometem assim ser um reflexo da música ‘Os Raros’, escrita e gravada a duas mãos e lançada no passado mês de maio. O feedback tem sido positivo e os artistas esperam não defraudar as expetativas de quem os segue.

Aliás, em ambos reside a expectativa de conquistar mais público. Os “curiosos”.

Em conversa com o Notícias ao Minuto, Benjamim e Samuel Úria revelaram ainda que “há muito tempo” que desejavam levar este projeto “para a estrada”, uma vez que, além de amigos, admiram-se mutuamente como músicos e gostam de tocar as canções um do outro.

Os concertos de novembro serão assim memoráveis. Com a reinvenção de canções que “as pessoas nunca ouviram e nunca mais irão ouvir”.

Novembro promete ser um mês memorável para vocês e para os vossos fãs. O que se pode esperar dos concertos de dia 4 de novembro, em Lisboa, e de 8 de novembro, no Porto?

Samuel Úria – As pessoas que gostam de nós podem esperar a junção cumulativa de dois espólios musicais que vão crescer, vão ser diferentes e vão trazer novidade. Apesar do concerto estar baseado em canções do nosso repertório, tornar-se-ão uma novidade quando juntarmos energia e tocarmos as coisas um do outro. Estamos a planear um espetáculo que seja dinâmico dentro desse repertório.

Benjamim – E reinventar. Reinventar as canções que as pessoas que nos seguem já conhecem e apresentá-las de uma maneira que as pessoas nunca ouviram e que nunca mais irão ouvir.

Samuel Úria – Não vamos defraudar as pessoas que gostam que nós…

Benjamim – Esperamos nós [risos]…

Samuel Úria – Esperamos [risos]… Nós temos vários públicos. Público em comum. Temos público que não é comum. Juntar estes dois públicos e se calhar até juntar pessoas que não são público ainda e que estão curiosas para conhecer esta junção. Juntar estes três universos seria o ideal.

Não é a primeira vez que atuam em duo. Aliás, recentemente atuaram no festival Chef’s On Fire e no início do ano esgotaram o Teatro Maria Matos. Foram estes espetáculos que vos incentivaram a querer pisar os palcos do Teatro Tivoli BBVA e do Teatro Sá da Bandeira?

Benjamim – De certa forma sim, já tínhamos feito bastantes colaborações esporádicas em concertos um do outro. Era uma coisa que já vínhamos a falar há muito tempo de fazermos qualquer coisa juntos. Acho que a cola para isso foi a canção que gravámos e escrevemos os dois e, a partir do momento que temos uma canção que é mútua, acho que nos fez sentido poder levar este projeto para a estrada.

Samuel Úria – Sim e há aqui uma novidade em relação a essas colaborações. É que isto são produções que somos nós que estamos a preparar, ou seja, tanto no ‘Conta-me uma Canção’ como no ‘Chef’s On Fire’ adaptamo-nos a um conceito, a um palco. Os próximos espetáculos serão projetados por nós, estão a ser pensados por nós. Então, apesar de haver muitas coisas em comum, vai ser novo e há toda uma dinâmica que está a ser preparada de raiz por nós.

Os concertos de novembro também vão contar com o diálogo intimista do espetáculo ‘Conta-me uma Canção’ ou as canções vão passar para primeiro plano?

Samuel Úria – Isso acabará por acontecer porque nós somos amigos. Embora estejamos focados em desenvolver a parte musical, há sempre o outro lado, o lado humano, de comunhão e brincadeira, que acho que vai transparecer. E nós queremos mesmo transmitir essa ideia porque é uma extensão da relação que temos. Além da parte musical e de ter começado na música, a nossa relação extravasa o estritamente musical, por isso acho que esse lado vai surgir de maneira impreparada.

Apesar de já terem atuado várias vezes juntos, só recentemente lançaram uma música juntos. Como foi construírem ‘Os Raros’ a duas mãos?

Benjamim – Há dois ou três anos enviei ao Samuel uma gravação que eu tinha feito ao piano. A tocar a base daquilo que é a canção, só música e com uma melodia muito desafinada. E disse-lhe: ‘Olha tenho aqui esta canção presa e não consigo fazer uma letra para isso. Adorava que fosses tu a escrever a letra’. E ele disse que sim e nunca mais o ouvi falar do assunto [risos]. Até que, nos ensaios do Maria Matos, encontrámo-nos no Alentejo, onde fizemos dois dias de ensaios e perguntei-lhe pela letra e ele disse que já a tinha há montes de tempo. Depois eu insisti mais quatro semanas para ele enviar-me a letra o que ele lá acabou por o fazer [risos]. Nessa altura, sentei-me e tentei tocar a música com a letra nova. E, de repente, percebi que aquilo funcionava mesmo. Mandei-lhe a gravação, feita com o telefone, e disse-lhe: ‘Bora, vamos gravar isto’. Ele disse logo que sim e foi o que aconteceu. Gravámos a música e a partir daí a coisa foi crescendo naturalmente.

E qual tem sido o feedback do público à canção?

Samuel Úria – Tem sido boa!

Benjamim – Sim, tem sido boa. Vamos ver como vai ser no Tivoli e no Sá da Bandeira.

Já se conheciam antes destas atuações ou foi mesmo a música que vos uniu?

Samuel Úria – Foi a música que nos acabou por unir porque nós já nos conhecemos há muitos anos. Muitos anos mesmo. Na altura foi através de uma rede social que tinha uma vertente musical muito forte  – o My Space –  que boa parte da nossa geração de músicos, que hoje têm carreira e que surgiram mais ou menos na mesma altura, utilizou. E foi por aí, apesar de vivermos em pontos diferentes do país, isso uniu-nos. Tínhamos um amigo comum, o B Fachada, que fez a ponte entre nós. O Luís [Benjamim] mandou uma mensagem, começámos a comunicar e de repente começámos a tocar em projetos que se cruzavam, em festivais, depois tornámo-nos companheiros de palco e de noite lisboeta [risos]

Benjamim – Também, sim [risos].

Quais são as principais diferenças entre atuar em duo ou a solo?

Benjamim – Para já o repertório de obra [risos]…

Porquê? Está a ser difícil fazer o alinhamento?

Samuel Úria – É a triplicar. Nós estamos a fazer um alinhamento que é bastante grande, mas estou bastante confiante no alinhamento que escolhemos.

Benjamim – Também acho. Nós fizemos uma reunião, fizemos um alinhamento. O manager dele [Samuel Úria] sempre desconfiado [risos] mas nós sentimo-nos confiantes e acho que esse facto prova que está lá tudo. Acho que a dificuldade foi mesmo ter de tirar. Podíamos ter posto mais músicas facilmente, mas às tantas olhámos e dissemos: ‘Se calhar, já chega’’.

Samuel Úria – Temos a vantagem de conhecer bastante bem a discografia um do outro e há esta grande vontade de nos apoderarmos de canções que não são nossas mas que são canções que nós gostamos e de repente vamos apoderar-nos com a propriedade de estar com o respetivo autor em palco a permitir que nos apoderemos daquilo que estamos ali a fazer. Isso é uma novidade e isso torna logo a nossa predisposição diferente. É uma predisposição que envolve muita alegria e acho que isso vai transparecer para o público.

Benjamim – Há um lado que eu gosto muito que é ser o ‘sidekick’, ou seja, não estar sempre com a responsabilidade de conduzir o concerto. Isto aqui é ótimo. A responsabilidade partilhada. Há momentos em que podemos estar só a tocar baixo ou guitarra, ou piano na canção um do outro e estarmos só preocupados em fazer música. Dividirmos esse papel acho que é bom.

Samuel Úria – À partida, a pessoa pode pensar que  [este projeto] é a junção de dois ‘front man’ e de facto é, mas nós também podemos encarar isso como a junção de dois ‘sidekicks’. Vamos acompanhar um ao outro e não vamos ser acompanhados.

A música ‘Os Raros’ abre as portas para um possível álbum a dois?

Samuel Úria – Porque não, Luís [Benjamim]?

Benjamim – Pois, porque não? Não sabemos…É uma boa questão.

Samuel Úria – Nós estamos agora com urgência, se calhar, em fazer o nosso próximo disco em nome próprio. Mas nunca se sabe, é uma coisa fácil…

Benjamim – Por acaso, alguém estava a dizer-me isso outro dia. Têm mesmo de fazer um álbum juntos. É uma porta que não está fechada.

Os bilhetes para os dois concertos de Benjamim e Samuel Úria já estão à venda no Ticketline e locais habituais e custam entre os 15 e os 21 euros.

Fonte: Notícias ao Minuto