Portugal Dependente de Cristiano Ronaldo? Outros Jogadores Ficam em Segundo Plano?

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Jornalista do The Guardian considera que o fanatismo em torno de CR7 pode ser prejudicial para a geração atual da seleção portuguesa.

O dramático apuramento de Portugal para os ‘quartos’ do Euro’2024, esta segunda-feira, diante da Eslovénia (0-0, 3-0 nas grandes penalidades), ficou marcado pelo ‘show’ de Diogo Costa ao defender três penáltis na hora do desempate, mas também pelas lágrimas de Cristiano Ronaldo por desperdiçar um lance de castigo máximo no prolongamento, algo que levou Jonathan Wilson, jornalista do The Guardian, a fazer algumas considerações em torno do entusiasmo criado em torno de CR7.

“O espetáculo de Cristiano Ronaldo é imparável e reduz os outros jogadores a atores secundários. Neste mundo de adoração de celebridades, ganhar partidas de futebol parece uma preocupação secundária. É tudo sobre Ronaldo”, começou por escrever.

“Tudo em Portugal é reduzido a Cristiano Ronaldo. O futebol português tornou-se o grande psicodrama do seu envelhecimento. Diogo Costa pode ter defendido três penáltis no desempate (3-0), mas mesmo assim só se fala de Ronaldo”, vincou de seguida.

Aos 39 anos, o avançado do Al Nassr cumpriu 120 minutos de jogo em campo e, na ‘lotaria’ dos penáltis, até se redimiu do penálti falhado, ao deixar Portugal na frente, no cara a cara com Jan Oblak, mas a verdade é que a sua longa presença dentro das quatro linhas acabou por ser também questionada, na ótica de se tratar de algo que estará a impedir o ‘show’ de outras pérolas do futebol português.

“Em circunstâncias normais, a questão aqui seria se Roberto Martínez iria continuar a escolher um jogador tão fora de forma, cuja magnitude de presença causou desequilíbrios mesmo quando ele era bom, se não fosse ele o Cristiano. Mas como falamos de Ronaldo, já sabemos que será titular nos ‘quartos’, diante de França”, atirou ainda.

“Vale a pensa questionar se os talentosos jogadores do ataque de Portugal se importam de ser atores secundários no ‘show’ de Ronaldo. E questionamo-nos sobre a sabedoria de levar uma equipa imensamente talentosa para o Mundial ou para este Europeu para tratá-la essencialmente como algo minimalista. Oportunidades de ganhar grandes troféus surgem muito raramente e sacrificá-las diante do ego de uma estrela em declínio parece indefensável”, completou.