Donald Trump afirmou hoje que o debate com Kamala Harris, na noite de terça-feira, foi manipulado pela cadeia de televisão norte-americana ABC a favor da sua rival democrata nas eleições presidenciais de novembro.
“Foi um caso manipulado, como eu tinha previsto, quando se olha para o facto de que eles corrigiram tudo o que eu disse e não a corrigiram”, disse Trump numa entrevista dada muito cedo à cadeia de televisão Fox News, a preferida dos conservadores.
O ex-presidente norte-americano visava os jornalistas da ABC que moderaram o debate e que voltaram durante o programa às declarações enganosas feitas pelo ex-presidente dos Estados Unidos.
No rescaldo de um debate acrimonioso, em que Kamala Harris irritou Trump e o republicano acusou a sua rival de inação, os dois candidatos presidenciais norte-americanos voltam hoje ao contacto com os eleitores.
Na corrida à Casa Branca, cheia de reviravoltas, a candidata democrata conta agora com um apoiante de peso: Taylor Swift, uma artista com milhões de seguidores, que a elogiou como uma “líder dotada e sólida”.
Donald Trump, por seu lado, não gostou muito.
“Não era fã da Taylor Swift (…). Ela parece apoiar sempre um democrata, e provavelmente vai pagar um preço por isso no mercado de vendas de música”, disse o candidato republicano na quarta-feira na entrevista à Fox News.
Durante o dia, Kamala Harris e Donald Trump participarão separadamente em cerimónias de homenagem à memória das vítimas dos atentados de 11 de setembro (de 2001), nomeadamente em Nova Iorque.
Depois, partem de novo para visitar os seis ou sete Estados-chave que decidirão o resultado das eleições presidenciais de 05 de novembro e nos quais os dois candidatos estão empatados: Carolina do Norte e Pensilvânia para ela, Arizona e Nevada para ele.
Aborto, imigração, economia: no palco em Filadélfia, Kamala Harris e Donald Trump debateram ferozmente as principais questões que preocupam os norte-americanos, a menos de dois meses das eleições.
No debate, a vice-presidente, de 59 anos, levou o tempestuoso septuagenário ao limite, começando por enumerar as dificuldades sentidas pelas mulheres que vivem em Estados que restringiram fortemente o direito ao aborto.
Em seguida, ironizou com a dimensão dos seus comícios de campanha e disse que o Presidente russo, Vladimir Putin, iria “fazer carne picada” de Donald Trump.
Visivelmente irritado, o republicano contra-atacou acusando a vice-presidente de ter “copiado” o programa económico do Presidente Joe Biden e de ter deixado entrar no país “milhões de pessoas vindas de prisões, manicómios e asilos de loucos”.
Mas o republicano também fez uma série de declarações confusas e inverdades, repetindo a falsa acusação do seu campo de que os imigrantes estavam a comer animais de estimação numa cidade norte-americana. Os dois moderadores da ABC ficaram a olhar com espanto.
Para Julian Zelizer, professor da Universidade de Princeton, Kamala Harris “empurrou [Donald Trump] para o tipo de discurso que ilustra o caos que trouxe à cena política”, mas salientou que o debate “pode não [fazer] mexer muito as sondagens”.
Embora estes eventos televisivos sejam sempre pontos altos da campanha eleitoral, o impacto na votação é frequentemente limitado.
Com uma exceção notável, observou: o debate de junho entre Joe Biden e Donald Trump, que precipitou fortemente a retirada do presidente democrata da corrida – uma das maiores reviravoltas políticas da história moderna.
Não é de excluir um novo confronto entre Kamala Harris e Donald Trump antes da votação de novembro: a candidata democrata desafiou o seu rival republicano para um segundo debate.