André Ventura considerou que “pode haver pontos de convergência entre partidos, entre movimentos”, mas que “não quer dizer que haja identificação”, na sequência de um vídeo de Pedro Frazão projetado no congresso do grupo Reconquista, no sábado. Notou ainda que o vídeo foi enviado “a título pessoal”.

O presidente do Chega, André Ventura, desvalorizou, esta segunda-feira, o vídeo do deputado Pedro Frazão que foi transmitido no III Congresso do grupo Reconquista, desmentindo ainda qualquer ligação com o partido.
“O deputado Pedro Frazão enviou um vídeo de saudação a um movimento como faz para centenas de outros movimentos e não esteve presente [no Congresso] enquanto vice-presidente do Chega. Não enviou [o vídeo] como vice-presidente do Chega. Enviou a título pessoal”, disse, em declarações aos jornalistas, na sede do partido, em Lisboa.
André Ventura afirmou ainda que “o Chega não esteve presente naquele movimento, o Chega tem uma identidade própria e tem uma força própria, que é indiscutível e que todo o país sabe sobre estes assuntos qual é”.
Questionado sobre se concordava em parte com o defendido pelo movimento, o líder de extrema-direita continuou: “Não é uma questão de concordar em parte. O Chega tem uma identidade própria, tem ideias próprias, e se outros concordarem com as ideias do Chega, o que temos é que perguntar aos outros se concordam com o Chega. Não é o Chega ou o líder da oposição que tem de concordar com outros, os outros é que têm de concordar com o Chega”.
O líder do partido salientou que o “Chega é firme na defesa de um país com menos imigração, de um país dos seus valores, da matriz cristã de valores, da defesa da igualdade entre homem e mulher, que é um ponto decisivo e fundamental, da luta contra a corrupção e da expulsão dos imigrantes ilegais”.
“Como todos os movimentos que há em Portugal, sejam eles quais forem, cívicos, sociais, económicos, há pontos de convergência e de divergência. Há pontos de aproximação e pontos de afastamento. Se há um movimento, que por mais ideias que tenha afastadas das nossas – e tem, no caso -, mas diz que é preciso menos imigração, então nisso eu concordo”, notou.
André Ventura considerou ainda que “pode haver pontos de convergência entre partidos, entre movimentos”, mas que isso “não quer dizer que haja identificação”.
Recorde-se que o vice-presidente do Chega, Pedro Frazão, endereçou uma mensagem de apoio ao grupo Reconquista, que foi transmitida no III Congresso do coletivo, no sábado.
O deputado assumiu, inclusive, que o partido encabeçado por André Ventura é “aliado” daquele movimento, que se mostra abertamente contra a presença de imigrantes em Portugal, além de contestar os direitos das mulheres e da comunidade LGBTQ+.
“É com enorme honra que envio esta mensagem ao congresso da Reconquista, que sei ser uma das casas da direita cristã patriótica em Portugal. […] Acredito mesmo, profundamente, que a política deve nascer da nossa fé, do amor à pátria e do dever para com o nosso povo português. É por isso que vos saúdo e saúdo também o vosso trabalho, porque sei que dão voz a esses mesmos valores, com muita coragem e muita convicção”, começou por dizer Pedro Frazão, na mensagem projetada no encontro.
O vice-presidente do Chega considerou que “vivemos tempos em que existe uma confusão moral, em que o pluralismo tenta todos os dias apagar as nossas raízes”, ao mesmo tempo que denunciou que “os desafios são muitos, e o maior de todos é garantir o futuro do nosso povo através da remigração”, que entendeu ser “a única política capaz de restaurar a ordem, a segurança e a esperança no nosso país”.

“Amizade”. Vice-presidente do Chega diz-se “aliado” de grupo supremacista
O vice-presidente do Chega, Pedro Frazão, enviou uma mensagem de apoio ao grupo Reconquista, que foi transmitida no III Congresso do movimento, no sábado. Nas imagens, o deputado assumiu que o partido encabeçado por André Ventura é “aliado” daquele coletivo.Daniela Filipe | 09:33 – 10/11/2025
De notar ainda que o encontro do grupo Reconquista ficou sem espaço, depois de o responsável pelo auditório do Colégio Luso-Francês, no Porto, ter tomado conhecimento de que se tratava “de um evento político, não respeitando o regulamento em vigor”. Estava, além disso, contra aquilo que “foi contratualizado” com os organizadores, uma vez que o grupo tinha descrito o congresso como “evento cultural”.
Contudo, a reunião acabou por realizar-se no Clube Maia Sport, que justificou, no domingo, trabalhar “em várias valências, inclusive a parceria com eventos corporativos”.
“No último sábado tivemos um evento organizado por um movimento político. Tendo sido o primeiro do género, aproveitamos para esclarecer que as nossas convicções políticas (que até são variadas) não são fator importante na autorização da realização dos mesmos mas sim a legalidade que os promotores possuam”, apontou, num comunicado divulgado nas redes sociais.
De recordar também que, no ano passado, o Reconquista alugou a sede da Assembleia Municipal de Lisboa (AML) para levar a cabo o seu congresso, tendo o órgão autárquico esclarecido que o grupo se tinha feito passar por um “coletivo de jovens” associados ao partido Chega.
A proposta, que terá sido “apresentada por uma pessoa singular – uma senhora cujo nome não suscitou qualquer alerta”, teria como objetivo levar a cabo um “conjunto de discursos sobre a atualidade, a imprensa e a sociedade e cultura europeias”, alguns deles “realizados por figuras de relevo do cenário nacional e internacional”.

O presidente do Reconquista negou as acusações, tendo apontado que a AML apercebeu-se de que “tinha sido um erro aprovar a realização do evento e, […] para se legitimarem aos olhos do público, vêm utilizar a justificação de que entenderam que [o grupo estava] diretamente [associado], ou que [era] parte do Chega”.

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by: João conceição
