Raimundo critica Montenegro por ceder às ‘loucuras’ de Trump

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O secretário-geral do PCP acusou hoje o primeiro-ministro de “apoiar tudo” e estar vergado perante “as loucuras” de Donald Trump, considerando que o plano do Presidente dos Estados Unidos para a Faixa de Gaza não tem “credibilidade nenhuma”.

Em declarações aos jornalistas após uma visita a uma escola em Viana do Alentejo, em Évora, Paulo Raimundo reagiu ao facto de Luís Montenegro ter, esta segunda-feira, saudado o plano de Donald Trump para a Faixa de Gaza, considerando que “pode ser o ponto de partida para uma paz justa e duradoura”.

“Luís Montenegro tem apoiado tudo o que é de Trump. Não há grande novidade. Luís Montenegro, eu disse ontem [terça-feira], é só tiros nos pés, é tiros nos pés quando fala na habitação, numa realidade de um país que só existe na vida dele ou na bolha em que ele vive, e é só tiros nos pés quando não olha para o país como uma nação”, afirmou.

Paulo Raimundo defendeu que Portugal é “uma nação, não é um apêndice dos Estados Unidos nem da NATO, não é uma província da União Europeia”.

O nosso país é uma nação soberana, que deve ter uma voz própria e não deve estar sempre vergadinha, desculpem-me a expressão, perante os desejos, as loucuras ou os amuos do senhor Trump”, afirmou.

Sobre o plano do Presidente dos Estados Unidos para a Faixa de Gaza, Paulo Raimundo considerou que Donald Trump “é um homem que olha para os seus negócios” e que se “está a marimbar para o povo palestiniano, ucraniano, até para o povo americano”

“O que lhe interessa não os negócios. Não tem credibilidade nenhuma. Não há nenhum plano que tenha alguma credibilidade, nem para Gaza, ou estamos esquecidos da ‘riviera do Médio Oriente’? A partir daí, está tudo dito”, disse, numa alusão a declarações de Donald Trump em fevereiro, que considerou que a Faixa de Gaza se poderia tornar numa “riviera do Médio Oriente”.

O secretário-geral do PCP considerou que “não vale a pena perder muito tempo” com o plano de Trump para a Faixa de Gaza porque “não vai dar em nada” e, enquanto se discute o assunto, “dezenas e centenas de pessoas continuam a ser mortas” no enclave.

O plano dos Estados Unidos para a Faixa de Gaza, publicado na segunda-feira pela Casa Branca, de 20 pontos, envolve a criação de um comité para supervisionar a transição em Gaza, do qual nenhum residente seria deslocado à força, que seria presidido por Donald Trump.

Prevê, nomeadamente, o fim imediato da guerra desencadeada em Gaza pelo ataque do Hamas em 07 de outubro de 2023, uma retirada gradual das forças israelitas e o desarmamento do movimento islamita palestiniano.

Acordado pelo primeiro-ministro israelita, Benjamim Netanyahu, tem ainda de ser aprovado pelo Hamas.

O plano visa pôr termo à guerra em curso na Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque do grupo extremista palestiniano Hamas no sul de Israel em 07 de outubro de 2023.