Starmer planeia reconhecer Estado da Palestina após encontro com Trump

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O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, deverá reconhecer o Estado da Palestina após a visita oficial do presidente norte-americano, Donald Trump, ao Reino Unido. O anúncio estará a ser adiado para que o tema não dominasse a conferência de imprensa desta quinta-feira.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, deverá reconhecer o Estado da Palestina este fim de semana, após a visita oficial do presidente norte-americano, Donald Trump, ao Reino Unido.

O anúncio estará a ser adiado por forma a que o tema não dominasse a conferência de imprensa desta quinta-feira, que teve lugar na residência de campo do chefe do governo britânico, avançou o The Times.

O mesmo meio detalhou que o governante deverá avançar com esta intenção antes da Assembleia-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que acontecerá em Nova Iorque, na próxima semana.

Contudo, quando questionado sobre o assunto, Starmer detalhou ter discutido o reconhecimento do Estado da Palestina durante a reunião com Trump, ao mesmo tempo que salientou que ambos os líderes concordaram ser necessário determinar “um caminho a seguir, porque a situação em Gaza é intolerável”.

“A questão do reconhecimento tem de ser analisada”, disse.

Starmer garantiu ainda que o timing do anúncio “não tem nada que ver” com a visita de Trump ao Reino Unido e frisou que dois líderes querem “chegar a uma solução da melhor maneira possível”.

O chefe de Estado norte-americano, por sua vez, colocou o tónico da questão na libertação dos reféns ainda detidos pelo Hamas, e declarou: “Discordo com o primeiro-ministro nesse ponto.”

Recorde-se que o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Lammy, reafirmou, no início de setembro, que “só existe uma saída”, nomeadamente “um cessar-fogo imediato que resulte na libertação incondicional de todos os reféns pelo Hamas e uma transformação na entrega de ajuda humanitária”.

“Mais operações militares na cidade de Gaza só vão prolongar e agravar esta crise. Por isso, juntamente com os nossos parceiros, exigimos a suspensão imediata desta operação”, apelou, numa declaração no parlamento.

O atual vice-primeiro-ministro salientou, por isso, que a intenção de Londres “é reconhecer o Estado da Palestina ainda este mês, a menos que o governo israelita tome medidas concretas para pôr fim à situação terrível em Gaza e se comprometa com uma paz sustentável a longo prazo”.

Além do fim das hostilidades, o ex-chefe da diplomacia britânica notou ser necessário implementar um sistema de monitorização do cessar-fogo, a dissolução do Hamas e uma nova estrutura governativa para Gaza que envolva a Autoridade Palestiniana.

Qual o panorama a nível internacional?

Sublinhe-se que, até março de 2025, a Palestina era reconhecida como Estado soberano por 147 dos 193 países-membros da ONU, ou seja, cerca de 76%. Este número deverá aumentar este mês, na sequência da revolta internacional contra Israel.

A liderar os esforços em prol da solução de dois Estados e do reconhecimento do Estado da Palestina encontram-se a França e a Arábia Saudita, que promoveram uma Conferência Internacional para a Solução de Dois Estados, em julho, que terminou com uma declaração de apoio assinada por vários países.

Na altura, o presidente francês, Emmanuel Macron, comprometeu-se a reconhecer o Estado da Palestina na próxima Assembleia-geral da ONU, intenção que foi seguida pelos Barbados, Irlanda, Jamaica, Noruega e Espanha.

Além do Reino Unido, também França, Canadá, Austrália e Bélgica planeiam seguir este caminho na reunião do próximo dia 22 de setembro.

Por cá, o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, disse, a 31 de julho, que consultaria os partidos políticos com representação na Assembleia da República, assim como o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para avaliar a hipótese de reconhecer a Palestina no evento.

Por seu turno, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, adiantou, no dia 15 de setembro, não ter identificado qualquer obstáculo ao reconhecimento da Palestina como Estado, tendo prometido novidades para a próxima semana.