Trump fala em “caça às bruxas” a “amigo” Bolsonaro, Lula responde à letra mas ambos têm passado duvidoso….

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O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, decidiu intervir mais uma vez na política brasileira, desta vez para defender Jair Bolsonaro, seu aliado ideológico e político. A ação gerou reações imediatas no Brasil, especialmente do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva. Mas vale lembrar: apesar do embate público, Lula e Bolsonaro não são tão diferentes quanto parecem — ambos estão cercados por escândalos e episódios que colocam em xeque sua credibilidade.

Trump sai em defesa de Bolsonaro

Numa publicação feita nesta segunda-feira (7) na sua plataforma Truth Social, Trump elogiou Bolsonaro, chamando-o de “líder forte” e dizendo que ele “amava o seu país”. Segundo o norte-americano, Bolsonaro estaria sendo alvo de uma verdadeira “caça às bruxas”.

“Ele não é culpado de nada, exceto de ter lutado pelo povo”, escreveu Trump, referindo-se aos processos judiciais que o ex-presidente brasileiro enfrenta.

Trump ainda afirmou que acompanhará de perto o que chamou de perseguição política contra Bolsonaro.

Lula reage: “Não aceitamos interferência”

A resposta de Lula veio rapidamente. O presidente brasileiro emitiu um comunicado reforçando que o Brasil é um país soberano e não aceita interferências externas.

“A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros”, afirmou Lula. “Ninguém está acima da lei.”

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também se pronunciou nas redes sociais. Segundo ela, Trump está “muito equivocado” e deveria cuidar dos próprios problemas.

Bolsonaro agradece o apoio e fala em “aberração jurídica”

Bolsonaro, por sua vez, agradeceu publicamente o apoio de Trump e voltou a se declarar vítima de uma perseguição política. Em suas redes sociais, afirmou que o processo judicial contra ele é uma “aberração jurídica” e um claro caso de “lawfare”.

O ex-presidente é acusado de articular um golpe de Estado após perder as eleições de 2022 para Lula, o que culminou na invasão das sedes dos Três Poderes em Brasília, em 8 de janeiro de 2023. Ao lado de Bolsonaro, também respondem judicialmente diversos ex-integrantes do governo e das Forças Armadas.


Escândalos não são exclusividade de Bolsonaro

Apesar da retórica firme de Lula contra Bolsonaro — e da tentativa de mostrar-se como defensor da legalidade —, é impossível ignorar que ambos os líderes acumulam escândalos e controvérsias graves ao longo de suas carreiras.

Lula foi condenado e preso no âmbito da Operação Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro. Mesmo que as condenações tenham sido posteriormente anuladas por questões processuais, os fatos revelados durante os anos de investigação mostraram um esquema de corrupção sistêmica envolvendo políticos e grandes empresas públicas. Sua prisão, em 2018, foi um marco político, e o debate sobre sua culpabilidade continua polarizando o país.

Já Bolsonaro encerrou seu mandato cercado de denúncias envolvendo má gestão da pandemia, favorecimento de aliados, aparelhamento de instituições e, mais recentemente, a tentativa de golpe contra o processo democrático brasileiro. Além disso, escândalos como os das joias sauditas, os gastos com cartão corporativo e o envolvimento de assessores em atos golpistas minaram sua imagem internacional.

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Dois lados da mesma moeda?

Tanto Lula quanto Bolsonaro polarizam o debate público e político, com seguidores fiéis e críticos ferrenhos. Mas, olhando para os fatos e escândalos que marcaram seus governos, fica evidente que nenhum dos dois está acima de suspeitas. Ambos já demonstraram que seus projetos de poder estão acima da ética e da transparência que a democracia exige.

Portanto, diante da atual tensão entre Trump, Lula e Bolsonaro, é importante lembrar que o Brasil precisa de lideranças que realmente se comprometam com o interesse público — não apenas com narrativas convenientes e disputas de vaidade.