Japão assume hoje uma postura cada vez mais hostil em relação à Rússia

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A presidência russa (Kremlin) lamentou hoje a postura “muito hostil” do Japão por manter as sanções impostas à Rússia pela invasão da Ucrânia, consideradas ilegais por Moscovo, na reação à posse do novo Governo japonês.

“Lamentavelmente, devemos constatar que o Japão também adota atualmente uma postura muito hostil para com a Rússia, ao aderir a todas as sanções e restrições ilegais que tentam impor ao nosso país”, afirmou o porta-voz do Kremlin.

Dmitri Peskov reagia à posse da nova primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, que no primeiro discurso no parlamento em Tóquio afirmou que as atividades militares da Rússia, China e Coreia do Norte constituem “uma grave preocupação”.

O Japão tem acompanhado os Estados Unidos, a União Europeia e outras potências ocidentais nas sanções impostas à Rússia na sequência da guerra russa contra a Ucrânia, posição mantida pelo novo executivo.

Peskov congratulou-se, no entanto, com a declaração de Takaichi de que pretende alcançar um tratado de paz com a Rússia, apesar de as relações entre Tóquio e Moscovo se encontrarem numa “situação difícil”.

“Nós também somos favoráveis à assinatura de um tratado de paz com o Japão”, afirmou Peskov durante a conferência de imprensa telefónica diária, citado pela agência de notícias espanhola EFE.

Peskov disse que o diálogo bilateral foi “praticamente reduzido a zero” devido à postura adotada por anteriores governos japoneses.

Moscovo e Tóquio negoceiam sem sucesso um tratado de paz desde meados do século XX, com base nos resultados da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), em que o Japão foi derrotado pelos aliados.

O principal obstáculo à conclusão do tratado é a disputa pela soberania de quatro ilhas do sul do arquipélago das Curilas (Shikotan, Iturup, Kunashir e Habomai), que o Japão reivindica e denomina como “territórios do norte”.

Moscovo considera que a posse das ilhas, das quais a União Soviética se apoderou após a Segunda Guerra Mundial, é indiscutível.

O controlo das ilhas, que têm passado de mão em mão desde o século XVIII, permite à Rússia reivindicar todo o Mar de Okhotsk como um mar interior e uma área de importância estratégica na doutrina naval russa.

A Rússia suspendeu as consultas sobre o tratado de paz depois de o Japão lhe ter imposto sanções devido à guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022.