Hamas deverá libertar grupo de portugueses nos próximos dias

Partilhe esta notícia

Três portugueses vivos e os restos mortais de outros três deverão ser libertados no âmbito do plano de paz proposto pelo presidente dos Estados Unidos para o Médio Oriente.

Três portugueses vivos e os restos mortais de outros três deverão ser libertados nos próximos dias, no âmbito do plano de paz proposto por Donald Trump para o Médio Oriente. Recorde-se que o plano prevê, numa primeira fase, uma troca dos 48 reféns, vivos e mortos, por prisioneiros palestinianos.

Os três portugueses vivos são Segev Halfon, de 27 anos, e os irmãos Ariel Cunio e David Cunio, de 28 e 35 anos respetivamente, indicou a Comunidade Israelita do Porto.

Os irmãos pertencem a uma família sefardita tradicional da Turquia. Os seus bisavós, José e Anna Cunio, nascidos no século XIX no coração do Império Otomano, conservavam registos familiares em Esmirna, nas antigas instituições “Kahal Kadosh Portugal” e “Dotar as Órfãs”. Os Cunio, para além de israelitas e portugueses, são cidadãos argentinos.

A Comunidade Israelita do Porto aguarda também a libertação dos corpos de Yossi Sharabi, de 53 anos, pertencente a uma família marroquina de sobrenome Turgeman, que conta com registos no cemitério judaico de Lisboa, uma vez que membros desta família regressaram a Portugal depois da abolição da Inquisição; de Ran Gvili, de 26 anos, de uma família sefardita egípcia, bisneto de Eduardo Nada; e de Dror Or Ermoza, de 48 anos, de família sefardita otomana que falava ladino e que hoje inspira a famosa série da Netflix “Beauty Queen of Jerusalem”. Também Dror Or detinha as nacionalidades israelita, portuguesa e Argentina. 

Dror Or Ermoza foi morto com a mulher.  Os filhos de ambos, Alma e Noam, de 17 e 15 anos, e o sobrinho Liam, de 23, foram feitos reféns e entretanto libertados.

Yossi Sharabi foi sequestrado em casa, à frente da mulher e das filhas, e levado para o cativeiro onde acabou por ser assassinado. Eli Sharabi, o irmão, também português, também foi raptado e levado para Gaza, de onde foi libertado recentemente, após 16 meses de cativeiro. Tinha perdido 40% do peso corporal e estava com 45 quilos. Tinha sido acorrentado, espancado e deixado a passar fome. Descobriu que perdeu a mulher e as filhas.   

Ran Gvili estava doente e à espera de uma operação no hospital a 7 de outubro, Alarmado com as notícias que chegavam, vestiu-se e dirigiu-se para o campo de batalha, onde morreu e o seu corpo foi levado para Gaza como troféu e objecto de troca. 

Em que consiste o plano de paz?

O plano de paz proposto por Donald Trump prevê numa primeira fase uma troca dos 48 reféns, vivos e mortos, por prisioneiros palestinianos, após o que haveria um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, onde mais de 66.000 pessoas morreram em quase dois anos de guerra.

O plano inclui a formação de um governo de transição para Gaza, supervisionado por si e pelo ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, além da possibilidade de negociar no futuro um Estado palestiniano, ao qual o Governo israelita se opõe.

O Hamas exigiu negociar alguns pontos da proposta, tendo o primeiro-ministro israelita respondido que o grupo “tem de aceitar [o plano] na totalidade”.